Comandante Francisco Daniel Roxo
Moçambique - Niassa
1.º Sargento Francisco Daniel
Roxo
África do Sul - Batalhão 32 "Búfalos"
"Francisco Daniel Roxo nasceu em
Mogadouro, Trás-os-Montes, em 1 de Fevereiro de 1933. Foi para Moçambique em
1951. Aprende a conhecer o território como ninguém, em especial o Niassa, no
norte. Foi caçador profissional até 1962. Com a guerra, irá tornar-se, a partir
de 1964, um lendário e temível comandante de um
grupo de forças especiais de contra-guerrilha (30 homens da sua confiança),
lutando contra a Frelimo, à margem das regras da guerra convencional. É
conhecido como o diabo branco. Pelos seus feitos na
contra-guerrilha, e embora não sendo militar, recebe das autoridades portuguesas
duas cruzes de guerra e uma medalha de serviços
distintos. Depois da independência de Moçambique, e já com 41 anos,
alista-se no exército da África do Sul. Faz parte de um grupo de operações
especiais. Notabiliza-se na Operação Savana, no sul de Angola,
na luta contra o exército angolano e os seus aliados cubanos, em Dezembro de
1975. É o primeiro estrangeiro a receber a Cruz de Honra da
África do Sul (a mais alta das condecorações militares). Acabaria por morrer em
23 de Agosto de 1976, numa emboscada, no sul de Angola. Deixou uma viúva e seis
filhos."
Daniel Roxo era transmontano de nascimento e
doou-se completamente à defesa da Pátria.
Morreu em território português de Angola continuando a luta
onde o deixaram - no Batalhão 32 do Exército Sul Africano. Ele que foi sempre o
Comandante aceitou as divisas de Sargento e decidiu (como tantos outros da sua
estirpe) continuar o combate.
A sua acção em combate foi épica. A ele e a outros poucos
portugueses se deve a grande vitória da ponte 14 (Dezembro de 1975 - no rio
Nhia) em que milhares de cubanos e MPLA foram clamorosamente derrotados pelo
Batalhão 32. Durante a batalha os portugueses do Batalhão 32 sofreram quatro
mortos. Os Cubanos e MPLA perderam mais de 400 homens, embora o número exacto
seja difícil de determinar pois, como a BBC mais tarde informou, camiões
carregados de cadáveres estavam constantemente a sair da área em direcção ao
norte. Entre os Cubanos mortos estava o comandante da força expedicionária
daquele país, o Comandante Raul Diaz Arguelles, grande herói da Cuba de Fidel. E
note-se sem a intervenção de meios aéreos! Só com apoio da artilharia.
Foi cronologicamente a última grande batalha em que soldados
portugueses (no século XX) se bateram. E bem!
Trata-se de uma batalha que nas nossas Academias Militares
não é estudada (nem sequer conhecida), mas que pelas inovações tácticas e
emprego de pequeníssimos grupos de comandos deu resultados bem inesperados (para
os cubanos, é claro). No entanto esta batalha é estudada (e bem) nas academias
russas, britânicas e americanas (algumas).
Poucos meses depois o nosso Daniel Roxo morria em combate.
Antes contudo tinha já recebido a maior condecoração sul africana (equivalente à
nossa Torre e Espada). Só no primeiro reconhecimento abateu (sozinho) 11
inimigos a tiro.
Durante uma patrulha perto do rio Okavango, o seu Wolf
(veículo anti minas semi blindado) rebentou uma mina e foi virado ao contrario, matando um homem e esmagando Roxo debaixo dele.
O resto da tripulação tentou levantar o veiculo para o libertar mas era
demasiado pesado. Breytenbach, (antigo comandante dos Búfalos, no seu livro
(Eles vivem pela Espada - They Live by the Sword, pp. 105)
escreveu:
Danny Roxo, mantendo-se com o seu carácter
intrépido, decidiu tirar o melhor partido das coisas, acendendo um cigarro e
fumando-o calmamente até que este acabou, e então morreu - ainda esmagado
debaixo do Wolf. Ele não se tinha queixado uma única vez, não tinha dado um
único gemido ou grito, apesar das dores de certeza serem
enormes.
Assim morreu o Sargento Danny Roxo, um homem que se tinha
tornado numa lenda nas Forças de Segurança Portuguesas em Moçambique, e que
rapidamente se tinha tornado noutra lenda nas Forças Especiais Sul Africanas.